lulatred 2: Electric Boogaloo



Quando eu era pequeno, por volta de dez anos, eu temia o mar. Meu pai havia afogado junto de sua tripulação antes mesmo do meu nascimento, mas acho que não era por isso que eu temia o mar. Eu parava na praia e olhava para aquele vazio infinito, aquela água fria e profunda, pontilhado por ilhas e navios cujos nomes eu não conhecia. Então eu olhava para trás, para a cidade, os morros, as casas e, enfim, minha mãe. Ela sempre perguntava se eu estava pronto para ir ao mar, mas eu sempre respondia da mesma forma: "Por que eu iria lá? O que tem no mar que não temos aqui?".

Minha mãe nunca soube responder essa pergunta, mas agora, olhando por essa pequena janela para os vulcões marinhos, para as fendas obscuras e para toda a vida aqui embaixo, eu sei o que tem aqui que eu nunca tive em terra. Incerteza. É o que me mantém vivo. A insegurança do desconhecido, é o que me faz seguir em frente. E eu nunca estive tão incerto sobre algo quanto neste momento, no fundo do mar, em uma pequena bola de metal, olhando para pedras e algas, me perguntando se será possível alcançar o fundo das fendas, ou se será possível voltar para a terra.

—Dr. Bragança




A Vida Nos Mares

Oceano de Incertezas é um cânone que gira em torno da sobrevivência da humanidade após o agravamento dos eventos de SCP-078-PT, inicialmente descoberto em 2018. A Névoa, como é chamada a anomalia, se espalha rapidamente por meio das plantas, chegando a cobrir cerca de 25% de toda a terra firme do planeta em 2020, causando aproximadamente 80 000 000 de mortes humanas e na transformação em massa da fauna. Neste momento, a Fundação, aliada à Coalizão Oculta Global e à Organização das Nações Unidas, incapaz de conter a anomalia, quebra a Máscara e inicia o processo de construção de cidades flutuantes e submarinas nos mares e oceanos do planeta, enquanto traçam um plano de evacuação em massa de todas as grandes e médias cidades da Terra.

No começo de 2022, quando mais de 60% de toda a terra firme se torna coberta pela Névoa, a evacuação em massa ocorre, levando o máximo de pessoas possível para os novos estabelecimentos marinhos. Contudo, dados os atrasos nas construções e uma má projeção da velocidade de propagação da Névoa, muitos permanecem em terra, ou criam seus próprios estabelecimentos nos mares, e assim se inicia uma nova era da humanidade.

Nos mares existem diversos tipos de construções ou locais onde as pessoas vivem. Primeiramente existem as grandes cidades flutuantes, onde se encontram sedes governamentais, civis com alto poder aquisitivo e fábricas. Além destas, ainda se encontram as médias e pequenas cidades flutuantes, que abrigam civis em geral e pontos de comércio ou de serviços.

Em segundo plano temos os complexos submarinos, onde a maioria da Fundação e da COG se estabeleceram para realizar suas operações originais, além de focarem na criação de tecnologias necessárias para a sobrevivência da humanidade nos mares.

Em terceiro plano existem os assentamentos móveis, como navios cargueiros, cruzeiros, porta-aviões e estações de petróleo transformados em moradias improvisadas pelos que não puderam entrar nas cidades flutuantes. Estes assentamentos são ocupados tanto por civis quanto por militares, às vezes sendo independentes, às vezes necessitando interagir ou comercializar com as cidades flutuantes para sobreviver.

Por último existe a terra firme, formada por três tipos principais, onde poucas pessoas habitam. O primeiro, e relativamente mais seguro, são os assentamentos e até cidades construídas em regiões não afetadas pela Névoa dos continentes, sendo estas altas montanhas, desertos ou regiões polares. O segundo são ilhas não afetadas pela Névoa, também abrigando assentamentos pequenos ou até cidades inteiras, dependendo do tamanho do local. Por último existem os sobreviventes em terra, que se sustentam por meios diversos, mas que precisam constantemente se preocupar com a Névoa, e geralmente vivem de buscas nas cidades abandonadas, se mantendo em estações de metrô ou cavernas não afetadas.

Ao fim de 2023, quando já não é mais possível calcular quanto da terra firme foi tomada pela Névoa, o mundo político entra em uma nova normalidade. Conflitos de interesses voltam a ocorrer entre representantes dos antigos países e entre a própria Fundação e a COG. Mesmo dividida, a humanidade ainda luta de certa forma pela sua sobrevivência, sonhando em, algum dia, retornar para a terra que por tanto tempo sustentou e supriu nossa sociedade.

Quem Está No Mar

A Fundação

A Fundação atua majoritariamente em bases submarinas, que às vezes se estendem em partes subterrâneas, e que são os novos sítios da organização. Alguns sítios, como o Sítio 45 da Filial Anglófona, por exemplo, ainda se estendem em plataformas de petróleo, ou às vezes se localizam em ilhas, mas em sua maioria os sítios se encontram no piso oceânico. Uma anomalia valiosa para a Fundação é SCP-005-INT, ou "A Arca", responsável pela manutenção e criação destes novos sítios e servindo como um importante centro de transporte, pesquisa e operações para a organização.

Mesmo neste novo mundo, a Fundação ainda mantém seu objetivo original: conter anomalias. Algumas anomalias em terra puderam ser facilmente levadas aos novos sítios, enquanto outras tiveram que ser deixadas ou até mesmo eliminadas antes da partida da humanidade, contudo, isso não significa que novas anomalias não possam surgir, e assim a Fundação continua a manter essas anomalias longe do resto da humanidade. Além disso a Fundação agora trabalha para encontrar novas tecnologias que auxiliem a humanidade nesta nova era de incertezas, por quaisquer meios necessários.

A Coalizão Oculta Global

Assim como a Fundação, a COG ainda mantém seus ideais originais de proteger a qualquer custo a humanidade de anomalias, contudo, dada a quebra da Máscara, a COG ainda serve como força militar auxiliar a todos os governos que participam da ONU, trabalhando tanto em bases submarinas quanto nas cidades flutuantes para alcançar seus objetivos.

A questão das novas tecnologias também é um objetivo da COG, geralmente trocando informações relevantes com a Fundação, contudo ainda pesquisando e desenvolvendo formas de expandir seu poderio bélico, para se proteger tanto das anomalias quanto de seus potenciais inimigos. A COG, em conjunto com a ONU e a Fundação Caridosa Manna, ainda realizam uma série de entregas de suprimentos aos Carniceiros, envolvendo alimentos, filtros para respiradores e até mesmo armamentos.

A Décima Esquadra do Exército Laurenciano e os Carniceiros

A Décima Esquadra do Exército Laurenciano, ou simplesmente Exército Laurenciano, é uma organização paramilitar originária do Canadá, formada em 2023 por Maria Lindsey Cobham, como uma espécie de revolução contra as cidades flutuantes, uma vez que o grupo é formado majoritariamente por civis que não conseguiram ingressar nas cidades, mas que também não permaneceram em terra, ficando à deriva em navios cargueiros e navios de cruzeiros.

O Exército Laurenciano é conhecido principalmente por seus ataques às cidades flutuantes e embarcações diversas, sendo conhecidos também apenas como "Os Piratas". Este grupo também procura realizar ataques contra forças da Fundação e da COG, além de já terem tomado embarcações pertencentes à Unidade de Incidentes Incomuns e outros Grupos de Interesse.

Os Carniceiros são os civis que permaneceram em terra firme, sobrevivendo apenas de buscas em cidades abandonadas, na maioria das vezes, e se mantendo em locais remotos onde a Névoa não alcançou, como desertos e montanhas. Mesmo estando todos em terra, os Carniceiros, por sua vez, se dividem em diferentes facções, dependendo de sua localidade, cultura, e outros fatores.

Dentre os mais relevantes, existem os Abutres, habitantes de regiões polares, montanhosas e desérticas, relativamente seguros e vivendo de forma simples e pacífica, se sustentando principalmente das doações da COG e da ONU, os Ratos, que se estabeleceram em assentamentos subterrâneos em terra firme, menos seguros contra a Névoa, porém sem precisar temer outras pessoas, estes se sustentam principalmente da coleta de suprimentos abandonados nas cidades, e por fim existem as Cobras, que habitam locais isolados em meio a Névoa, não recebendo ajuda externa, e geralmente se alimentando de qualquer fonte disponível, inclusive carne humana.

Alguns Carniceiros, em especial dos Abutres, colaboram ou fazem parte do Exército Laurenciano, acreditando que a Névoa foi uma conspiração dos governos do mundo como uma forma de eliminar parte da humanidade para controlar o crescimento acelerado da população.

Os Grupos de Interesse

Grupos conhecidos, em sua grande maioria, também foram capazes de se estabelecer em mar, e novamente mantêm seus objetivos originais, apenas atuando e se estabelecendo de forma diferente. Por exemplo, o Clube de Caça da Fauna e Flora agora habita assentamentos móveis, em navios cargueiros ou outras grandes embarcações, praticando a pesca tanto para a subsistência quanto a pesca esportiva, geralmente de anomalias marinhas, porém eles ainda auxiliam a Fundação na contenção de anomalias extremamente perigosas ou apenas irrelevantes para o GdI.

Alguns grupos, por outro lado, não puderam se sustentar na Terra, como a Faculdade Cervos ou a Universidade Alexylva, que possuem seus únicos portais de acesso conhecidos em locais consumidos pela Névoa, ou até mesmo o Circo das Perturbações do Herman Fuller, que já não pode mais se materializar sem ser visto por membros da COG ou da Fundação, mas não se sabe se este é realmente o caso.

Em resumo, os grupos são os mesmos, mas agora todos estão boiando ou prendendo a respiração no fundo do oceano.


Histórias De Marinheiros

O Que Está No Mar

  • SCP-078-PT - A Névoa
  • SCP-XXX-PT - Construtor (?)

Guia De Escrita

Oceano de Incertezas é um cânone aberto, ou seja, ele não tem como pressuposto contar uma história, e sim servir de base para diversas histórias. Há dois sentimentos que permeiam este universo, sendo eles o sentimento de um recomeço e de incerteza, como o próprio nome implica. Recomeço pois o mundo está tentando começar uma nova era, nos mares, onde tudo é diferente, mas onde os sistemas são os mesmos. Incerteza pois todos neste universo sabem que o frágil sistema que antes regia a sociedade em terra é agora mais frágil ainda no mar. Comida é escassa, segurança é questionável e, talvez acima de tudo, o espaço é pequeno. Nem todos cabem nos melhores lugares, e aqueles que ficam de fora com certeza não têm as melhores condições de vida.

Em minha opinião, o ponto principal a ser abordado são as novas relações entre indivíduos e organizações, e o que cada um destes está disposto a fazer pela sua sobrevivência. Por mais que a Fundação e os demais Grupos de Interesse sejam, a princípio, os mesmos, o resto do mundo não é. O Exército Laurenciano passa sentimento de abandono e ódio contra os governos, os Carniceiros são meros sobreviventes esquecidos em terra, enquanto os habitantes das cidades flutuantes fingem viver uma nova normalidade, enquanto guardam uma série de questionamentos para si.

De qualquer forma, o cânone ainda é aberto, portanto sua interpretação de cada um destes pontos é livre. Apenas entenda que sem um respirador, nenhum animal sobrevive na Névoa, e que sem plantas, se alimentar vira uma tarefa muito difícil.

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